A Contar e a Cantar
Data
9 maio, 2013
Até
30 maio, 2013
Preços
Entrada livre no limite da lotação da sala
Conferências
9 e 16 Mai 2013 - 18:30 | CCB - Sala Luís de Freitas Branco
23 e 30 Mai 2013 - 18:30 | Museu do Fado
Duração 1h30
A partir de uma ideia de Aldina Duarte, este ciclo, centrado na figura da cantora e intitulado genericamente A CANTAR e a CONTAR, destina-se a explorar a relação privilegiada entre grandes textos da Literatura Ocidental e a Música e o Canto. Para tal, foram convidadas personalidades, cuja sabedoria, sensibilidade, inteligência e originalidade em áreas da Literatura, Ciência, Filosofia, Religião certamente ajudarão a iluminar e engrandecer estas sessões, tendo por base os temas e as obras propostas.
Helena Vasconcelos orientadora, Aldina Duarte voz
Convidados
Gonçalo M. Tavares – “Camões e a Aventura”
9 de Maio no Centro Cultural de Belém
Como ler "Os Lusíadas", hoje? Como levar a cabo a nossa comum "Viagem à Índia" e entender Luís Vaz, o homem que tudo arriscou, o amante fogoso e aventureiro batido pelas tempestades, que viajou para longe e experimentou o Amor e a Guerra, para acabar os seus dias à beira Tejo, no momento da desagregação do universo que ele conhecera, tão longe do calor do Oriente, dos mares encapelados, dos marinheiros audazes, turbulentos e sensuais, das mulheres exóticas, fortes e arrebatadoras, dos Adamastores ferozes e dos caprichosos deuses olímpicos? Que música era aquela que se escapava dos lábios das sereias e que certamente ele continuou a ouvir, naufragado em Portugal? Que sons lhe foram chegando, arrastados pelos ventos oceânicos?
Alexandre Quintanilha – “Shakespeare e a invenção do Humano”
16 de Maio no Centro Cultural de Belém
HAMLET de William Shakespeare, é o grande texto da criação e da morte. No 2° Acto (Cena 2), o príncipe da Dinamarca, com a sua forma muito peculiar de se questionar, murmura, perante Rosenkrantz:"Que obra-prima é o homem! Quão nobre é, pela razão! Quão infinito pelas suas qualidades! Quão significativo e admirável na forma e nos movimentos! Nos actos quão semelhante aos anjos! Na apreensão, como se aproxima dos deuses, adorno do mundo, modelo das criaturas! No entanto, para mim o que é essa quintessência de pó?"A soturna ironia de Hamlet tem-nos mantido atentos à questão primordial: afinal, de que matéria somos nós feitos? O que nos diz a Ciência, a esse propósito? Poderá a mesma Ciência, alguma vez, solucionar os dilemas existenciais do ser humano?
Pedro Mexia – “Os Mistérios de Pessoa”
23 de Maio no Museu do Fado
Fernando Pessoa é, ainda, o grande “mistério”, o Poeta das máscaras que se desdobra e reinventa, na ânsia de “viver mais”. Familiar e estranho – português e estrangeiro – extático e dinâmico, irónico e desesperado, cínico e ingénuo, cosmopolita e provinciano, solitário e gregário, citadino e “rural”, rebelde e conformista Pessoa personificou a esquizofrenia eterna e os dilemas do “ser português”. Em Poesia ou na labiríntica odisseia de “O Livro do Desassossego”, Pessoa navegou sempre mais além, entre o Cabo e Lisboa, entre o Terreiro do Paço e o Chiado.
Quanto de Pessoa existe em nós?
José Tolentino de Mendonça – “Dante Alighieri, “A Divina Comédia” e a ideia da Fé”
30 de Maio no Museu do Fado
“A Divina Comédia”, essa obra que enaltece as grandes virtudes como o Amor, a Bondade, a Caridade, e que previne os mais incautos contra os perigos representado nos Círculos do Inferno e do Purgatório, poderá ainda ser lida como guia espiritual? Ou estará esta cosmogonia, organizada com base na visão aristotélica e na de S. Tomás de Aquino – a sua Summa Theologiæ – condenada a uma impossibilidade de compreensão e assimilação, nestes tempos laicos e caóticos? Estaremos nós, no século XXI – e com a pesada herança do século XX – condenados ad eternum a deambular sem esperança de alcançar o Paraíso? Seremos capazes, nesta era de imagens imediatas, de assimilar todo o simbolismo contido na obra de Dante? Teremos capacidade para entender as suas referências à passagem do Tempo e à eterna Beleza da Poesia em oposição com a impiedosa Morte? Dante deixou-nos um legado que coloca, com feroz pertinência, a questão da possibilidade da redenção. Estaremos aptos para prosseguir nesse caminho? Através da Fé? Através da Arte? Através do Amor?