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Ana Maria

(N. 1 janeiro, 1952 - M. 27 novembro, 2011)

Ana Maria Dias, de nacionalidade angolana, cresceu no Bairro da Samba, situado na cidade de Luanda. Será neste ambiente familiar, proporcionado pelos seus pais, Josefa António e Agostinho Salvador, que a jovem Ana Maria começa a cantar. Peça fundamental para a futura escolha profissional de Ana Maria é a sua mãe, amante de fado e da voz de Amália Rodrigues, e sobre quem Ana Maria dirá “…a minha mãe sabia-o cantar como poucas fadistas e cantava-o por gosto tendo até ido várias vezes interpretá-lo ao “Chá das Seis” (espectáculo de variedades apresentado semanalmente no Cinema Restauração). (“Angolé”, Setembro de 2002).

Ana Maria abraça o gosto transmitido pela mãe, inicia-se a cantar fado e rapidamente atinge o sucesso, resultante das várias actuações que entretanto acontecem em alguns espaços da capital angolana.

Aos 23 anos (1975), na sequência da guerra que assola Angola após o 25 de Abril de 1974, Ana Maria vê-se obrigada a partir para Portugal. Os seus pais e familiares mais próximos permanecem na terra natal, mas Ana Maria parte com a família Lopes da Costa, que entretanto a acolhe, e fixam residência em Santarém. Até aos 28 anos de idade, Ana Maria manteve-se nesta cidade onde foi empregada numa sapataria. A música, estava adiada, vivida apenas no círculo familiar.

O ponto de mudança foi a actuação na Grande Noite do Fado, que sucedeu “as lições e o carinho da conhecida fadista Natália dos Anjos”.

Depois de percorrer outros palcos, Ana Maria integrou o elenco de diversas casas de fado, tais como o Pátio da Mariquinhas, Forte Dom Rodrigo, Mal Cozinhado, Taverna do Embuçado. A “fadista negra”, como se apresenta, acrescenta “…onde me sinto mais realizada é a cantar o fado. Foi esse o meu sonho, que realizei.” (Angolé, Setembro de 2002).

“Trago Fado nos Sentidos”, o álbum de estreia, chega ao mercado discográfico em 2003. Neste trabalho, Ana Maria consegue a junção de faixas tão singulares como o fado “Alfama”, cuja letra pertence a José Carlos Ary dos Santos, à morna “Beijo da Saudade”, de autoria de B.Leza.

Nesse ano, regressa a Angola pela primeira vez desde a inesperada partida em 1975. A convite do primeiro-ministro Durão Barroso, Ana Maria integra a sua comitiva, e com um misto de emoção e orgulho volta a reencontrar a sua mãe, pondo fim a mais de 30 anos de separação. Na cidade natal acontecem várias actuações da fadista.

Em Junho de 2004, nas celebrações das Festas de Lisboa - Festa do Fado, Ana Maria apresenta no pequeno Auditório do CCB o espectáculo “Fado, Um Outro Olhar”, no qual contou com as presenças de Guilherme Banza (guitarra portuguesa), Diogo Clemente (viola de fado) e Nando Araújo (baixo acústico).

São as suas emotivas interpretações de fado que levam Ana Maria a apresentar-se no prestigiado Muziekcentrum Vredenbug em Utrecht, na Holanda, corre o ano de 2005.

Em Junho de 2007 regressa à Festa do Fado, no Castelo de S. Jorge, ao lado da cabo-verdiana Maria Alice. Deste singular espectáculo resulta a apresentação de temas que vão desde as mornas, coladeras ao fado.

Integrou o elenco da casa de fados Taverna D´El Rei, em Alfama, onde se revelou como uma das mais acarinhadas fadistas do bairro de Alfama.

Faleceu em Novembro de 2011.

 

Fonte:

Revista Angolé, Setembro de 2002

Muziekcentrum Vredenburg, (2005) Programa de espectáculos

Festas de Lisboa 2007, Programa de espectáculos

 

Ana Maria s/d

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  • Dá-me o Braço, Anda Daí Ana Maria (João Linhares Barbosa / Jaime Santos)