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José Maria Nóbrega

(N. 19 novembro, 1926 - M. 9 outubro, 2018)

Filho de António Teixeira e de Angélica Alves da Nóbrega, José Maria Nóbrega Teixeira nasce em Alijó, Trás-os-Montes, no dia 19 de Novembro de 1926.

A primeira infância passa-a com a madrinha enquanto os pais procuram vida melhor na cidade mas, por volta dos 10 anos, vai viver com eles para o Porto. Nesse período e por influência do pai, inicia-se no ofício de alfaiate, um empenho para um menino de estatura franzina, que não parece talhado para grandes esforços, já que teria que manobrar as "toneladas" que os ferros parecem pesar em mãos pequenas. Foi aprendendo e conhecendo os segredos do ofício.

Nas horas de lazer, Nóbrega ficava a ver o pai a tocar violão (designação em Trás os Montes) com um vizinho que tocava bandolim. Não tarda que também queira aprender. Pede ensinamentos ao vizinho e não descansa enquanto não domina o instrumento. Ao mesmo tempo, outro rapaz da sua idade aprende violino e o dueto faz projectos que passam pela fundação de um terceto musical que anime as festas da cidade e arredores.

Com um outro elemento que toca viola fundam o desejado Terceto, começando a trabalhar nos tempos de folga. Em breve evoluem e passam a Quarteto, de Quarteto a Quinteto e deste a Sexteto (violino, bandolim, viola, bateria, saxofone e acordeão) vindo a constituir um conjunto musical que percorre e anima as festas nas colectividades e nas romarias que acontecem aos fins-de-semana e feriados.

Fica isento do Serviço Militar e, com o fruto do seu trabalho, estabelece-se com uma loja de Alfaiate em Padrão da Légua, a caminho da Póvoa de Varzim.

Tem 22 anos. Pensa em casar. O mesmo acontece aos restantes elementos da banda que, a pouco e pouco vão dispersando e o grupo acaba por morrer.

No entretanto, dois filhos nascem: Pedro (1951) e Maria da Graça (1953).

É então que surge um convite inesperado do guitarrista Álvaro Martins, oficial de barbeiro, através do qual começa a tocar viola de Fado. Durante cerca de 10 anos, ambos irão tocar numa casa do Porto, o "Tamariz", onde se estreia. Neste local passarão todos os grandes nomes do Fado da época, havendo um forte intercâmbio entre Lisboa e Porto.

Moniz Trindade ouve-os e convida-os para virem a Lisboa actuar durante um mês numa casa que ia abrir na zona da Praça do Chile, a "Pam-Pam". Estamos em Janeiro de 1957. Chega a Lisboa, acompanhado da mulher e filhos, para actuações previstas para um mês. Findo o contrato, ambos os músicos regressam ao Porto e depois de um mal-entendido, José Maria Nóbrega, regressa à capital.

Estabelecido no Largo da Misericórdia como alfaiate, tenta aliar a sua profissão ao Fado, contudo é um período complicado em termos de gestão de horários que ambas as ocupações exigem. Opta por fechar a alfaiataria e dedica-se a acompanhar, por convite, vários fadistas. De forma a aperfeiçoar o seu talento inscreve-se na Escola de Guitarra Duarte Costa. Juntamente com o guitarrista Jorge Fontes apresenta-se no Restaurante "O Folclore". Neste espaço tiveram oportunidade de realizar inúmeras viagens acompanhando artistas, tais como Ada de Castro e Lídia Ribeiro. È também neste período que conhece e trabalha com o guitarrista António Chaínho, com quem virá a desenvolver um trabalho de relevo no panorama musical.

Simultaneamente actua nos programas de Fado transmitidos pela Emissora Nacional, altura em que é convidado por Filipe Pinto para acompanhar a fadista Amália Rodrigues, o violista recusa o convite.

Após a saída de "O Folclore", José Maria Nóbrega passa a acompanhar outros nomes do meio, e mais assiduamente o fadista Carlos do Carmo, com espectáculos, nacionais e internacionais, assim como em gravações.

Passa pela casa "A Severa" - convidado para substituir um colega que se iria ausentar por um indeterminado período de tempo. Contudo, essa permanência vai revelar-se mais duradoura do que o previsto, tendo em conta a infelicidade do aneurisma da aorta que Carlos do Carmo sofre no ano de 2001 e da súbita diminuição dos espectáculos a que o fadista e os seus acompanhantes ficam sujeitos.

José Maria Nóbrega construiu uma carreira notável ao longo da qual acompanhou e contribuiu para o sucesso de grandes nomes do Fado. Em 1981 recebeu em conjunto com o guitarrista António Chaínho o Prémio da Imprensa Fado (Instrumentistas) e em 2004 recebeu no Teatro de S. Luíz, e no âmbito da Grande Noite do Fado, o Prémio Carreira. Curiosamente o seu filho, Pedro Nóbrega revela-se hoje um excelente executante e acompanhante na viola.

José Maria Nóbrega faleceu a 9 de Outubro de 2018.

 

Fonte:

Museu do Fado - Entrevista realizada a 14 de Setembro de 2006.

José Maria Nóbrega, s/d.

Carlos do Carmo e José Maria Nóbrega, s/d.

José Maria Nóbrega, s/d.

  • Fado Maria Vitória José Maria Nóbrega (Alves Coelho)

Cartão de Identidade | Identity Card do Grupo Excursionista Previdentes do Fado, José Maria Nóbrega, 1960