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Tristão da Silva

(N. 18 julho, 1927 - M. 10 janeiro, 1978)

Manuel Augusto Martins Tristão da Silva, filho de Francisco Tristão da Silva e Teodora Augusta Martins, nasceu a 18 de Julho de 1927 na Freguesia da Penha, em Lisboa.

Quando Manuel Tristão da Silva inicia a escola passa “os seus momentos livres a cantar, para o que demonstrava decidida vocação.” (“Álbum da Canção”, Nº29, 1 de Julho de 1965). E, no início de 1937, quando contava apenas 9 anos, foi contratado pelo empresário José Miguel, para actuar aos domingos na «matinée» do Café Mondego. Nesta altura usava o nome Manuel da Silva, mas ficou conhecido pelo “Miúdo do Alto do Pina”.

Conclui a instrução primária e torna-se empregado numa drogaria na Graça, de onde transita para outra situada na Rua Morais Soares e, mais tarde, aprende o ofício de serralheiro. Ainda assim, e apesar de contar com apenas 15 anos, estas actividades profissionais não o impedem de prosseguir a carreira artística, cantando em muitas das sociedades de recreio e, posteriormente, nas casas de Fado de Lisboa. Tristão da Silva fez parte dos primeiros elencos da Sala Júlia Mendes, no Parque Mayer, e do Café Monumental, na Rua Carvalho Araújo.

Com o sonho de se tornar um artista mais popular, o fadista faz, várias vezes, provas para entrar nos quadros da Emissora Nacional, mas acaba por ser recusado. Entretanto vai cumprir o serviço militar obrigatório e é incorporado no Regimento de Artilharia Ligeira 3, onde lhe é permitido sair para cantar nas noites em que tem contratos de espectáculo.

Com cerca de 22 anos, depois de terminado o serviço militar, Tristão da Silva é apresentado ao maestro Belo Marques, então director musical da editora Estoril, sendo contratado por Manuel Simões para fazer algumas gravações discográficas, acompanhado pela orquestra de Belo Marques.

Datam de 1954 dois grandes êxitos que trouxeram a Tristão da Silva a consagração junto do público: o tema “Nem às Paredes Confesso”, de autoria de Max e Artur Ribeiro, e “Maria Morena”, com letra de Radamanto e música de Casimiro Ramos.

Admitido como artista da Emissora Nacional passa a apresentar-se em vários programas de rádio, obtendo naturalmente grande sucesso. Tristão da Silva actua, em 1955, na Ilha da Madeira e, no ano seguinte, nos Açores. O fadista faz, também, gravações em Espanha e uma deslocação a África, para além de ser dos primeiros artistas a apresentar-se nos programas da RTP, então transmitidos a partir da Feira Popular.

Em 1960 viaja até ao Brasil, onde acaba por permanecer durante 4 anos, para actuar na Rádio e na TV Tupi do Rio de Janeiro e nas várias casas típicas portuguesas da cidade. Participa em peças teatrais, nomeadamente com Osvaldo Lousada numa peça intitulada "O Assunto É Mulher ". Posteriormente desloca-se a São Paulo, onde também actua na Rádio, na Tv e nas principais “boites” da cidade; e faz uma digressão que o leva ao Recife, Baía, Porto Alegre, João Pessoa, Pelotas, Fortaleza e Brasília. Em Porto Alegre é contratado para uma nova digressão desta vez para actuar na Bolívia, Chile, Paraguai, Argentina, Uruguai e Perú.

De salientar na sua estadia no Brasil o prémio “Sassy”, que recebe em 1961, em São Paulo, destinado “à melhor atracção internacional do “music-hall” em exibição naquela capital.” (“Álbum da Canção”, Nº29, 1 de Julho de 1965).

Tristão da Silva regressa a Lisboa em 1964, pela mão de Vasco Morgado que o contrata para actuar na revista "Férias em Lisboa". Nesta altura, o fadista apresenta-se, também, em programas da RTP, e canta na casa típica de Fernanda Maria, o Lisboa À Noite.

Tristão da Silva passa pelos elencos das mais populares casas de Fado de Lisboa , como O Faia, A Tipóia, A Parreirinha de Alfama, o Forcado ou O Luso, e canta, também, em sessões cinematográficas do Politeama e em peças teatrais como a “Marujinhos à Vela” ou a já mencionada “Férias em Lisboa”, em cena respectivamente nos teatros Maria Vitória e Monumental.

Ilustrativas da sua popularidade são as quadras que o poeta Carlos Conde lhe dedica, na sua rubrica “Galarim da Semana”:

“Justamente consagrado
Todos sabem que Tristão
Tem sido grande no Fado
P’ra ser maior na canção!

 

Não pediu nada a ninguém
P’ra chegar onde chegou;
O prestígio que hoje tem
A seu tempo o conquistou!

 

O Tristão não é dos tais
Que julgam muito saber,
Por isso é que vale mais
Do que o que julga valer!”
(revista “Plateia”, s/d.)

Viria a falecer, com 50 anos, num brutal acidente de viação em Janeiro de 1978, quando regressava de uma actuação na casa de Fados O Forcado. Terminou assim, abruptamente, uma carreira recheada de grandes êxitos, como os já citados, “Nem às Paredes Confesso” e “Maria Morena”, ou ainda “Da Janela do Meu Quarto”, “Aquela Janela Virada P’ró Mar” e “Calçada da Glória”. Temas interpretados em estilo romântico que a voz grave e fortemente personalizada de Tristão da Silva eternizou.

Em 2004, a Câmara Municipal de Lisboa prestou a sua homenagem ao cantor, atribuindo o seu nome a um jardim situado nas freguesias do Alto do Pina e do Beato.

 

Fonte:

“A Voz de Portugal”, 10 de Abril de 1957;

“Diário Ilustrado”, 9 de Março de 1960;

“Álbum da Canção”, Nº29, 1 de Julho de 1965;

“Rádio & Televisão”, 26 de Abril de 1969;

“Galarim da Semana”, in revista “Plateia”, s/d.

“Diário Popular”, 10 de Janeiro de 1978.

“Tristão da Silva, 1927-1978”, Edição CML, Comissão Municipal de Toponímia, Julho de 2004.

Trsitão da Silva, s/d.

Tristão da Silva, s/d.

Tristão da Silva, Miguel Ramos e Liberto Conde, s/d.

Tristão da Silva, António Rodrigues, Leonel Vilar e Mário Rocha Rio de Janeiro, 1961

  • Aquela Janela Virada Para o Mar Tristão da Silva (Frederico de Brito)

Postal de | Postcard Tristão da Silva, s/d.

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